quarta-feira, 16 de maio de 2007

Atropela-me

Olhaste para mim e apenas me acenaste. Leve e suavemente me acenaste, enquanto sobre a forma de furacão meus sentimentos rodopiaram, sem parar. Nunca antes havia acontecido, ainda nem tinhas entrado e já eras Deusa e Senhora no meu coração. Teu olhar me ofuscou, como se de um carro vindo direito a mim de máximos ligados se tratasse e eu inocentemente deixei-me atropelar. Levaste-me de rompante e eu apenas queria olhar-te de frente, olhar-te, olhar-te, olhar-te… Queria olhar-te, queria que me olhasses e me dissesses o que me querias, o que sentias. Eu queria que voltasses a traz, que não me atropelasses, ou pelo menos que pedisses licença para me atropelares.
Por mais que a vida nos ensine o que fazer acabamos por errar, novamente, por amor.Por mais erros que eu cometa, se é que amar é um erro, nunca consigo deixar de te amar, e por ti continuarei a errar, continuarás a atropelar-me sem que eu me desvie, talvez seja esse o teu desejo também.Por mais que o meu sorriso faça transparecer ou significar tudo, nada, ou o mais profundo possível, ninguém sabe o que me vai na alma ou no coração...O que está no exterior por vezes esconde o que vai lá dentro. Enquanto o meu sorriso se encontra no seu “estado tridente forçado”, o coração chora…
E chora por ti. Por quem não quer saber de mim, por que não quer saber de quem é o meu coração…Quem não que saber de mim é ninguém.
Não, não sofre por causa de alguém, sofre por causa de ninguém.
Saberás tu qual o significado, o significado sentido, a envergadura da palavra amar?
Há quem não queira ser atropelado para não morrer. Eu quero viver, e para viver quero ser atropelado para poder viver, para amar-te. Quero amar-te mesmo sabendo que vou passar o resto da minha vida no hospital. No hospital sentimental onde eu sei sou o único enfermeiro, médico e curandeiro.
Por mais que a vida me sorria, ou que o tente fazer, algo está mal.
Falta sempre algo ou alguém.
Falta-me duas pessoas e dois sonhos.
Alguém que já partiu, Avô António.
Alguém que não sei se existe, ninguém.

Atropela-me

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